terça-feira, 19 de junho de 2012
sexta-feira, 20 de abril de 2012
Colo aqui o relato que escrevi sobre nosso "primeiro" encontro do grupo de pesquisa...
Encontro do
Grupo de Pesquisa sobre o Feminismo
Dia 13 de abril
de 2012
Cada uma ficou responsável por levar uma
apresentação para as outras: Por que
você está nesse grupo? O que te fez ter o desejo de pesquisar sobre o
feminismo?
A primeira apresentação foi minha: Alice Nunes.
Mostrei um projeto escrito com algumas fotos de uma
cena que produzi em 2011, chamada Vala
Comum – Entre Parcas e Ofélias. Que relacionava o mito das três Parcas,
mini-contos de Eduardo Galeano e a Ofélia de Hamlet-máquina.
Em seguida, mostrei o roteiro da peça de
Teatro-Fórum que participei como dramaturga-atriz: As roupas de Alice. E também alguns vídeos que fizeram parte da
apresentação. No Teatro Fórum um grupo apresenta uma
situação de opressão: um personagem tem um grande desejo e os opressores o
impedem de realizar essa vontade. No fim da cena os espect-atores são
convidados a refletir sobre a história, os personagens e as relações de
opressão apresentadas. Neste momento são incentivados a pensar em uma
alternativa para a situação e, em vez de expor verbalmente sua ideia, deve
entrar no espaço cênico, substituindo um dos atores, e testar na prática sua
alternativa. A história contada na peça é minha, de situações que sofri por
estar rodeada de homens e mulheres machistas. A cena tem um foco muito claro na
relação da roupa que escolhemos e das “consequências” dessa escolha.
Essa experiência foi muito boa para a
minha formação enquanto atriz, militante do Teatro do Oprimido e feminista:
recebemos muitas críticas do público, entendi muitos erros, repensei a cena
muitas vezes, foi um processo muito particular de transformação de uma menina
para uma mulher. Esse tema ainda é muito delicado para mim, mas acredito que
neste novo grupo poderei compreender melhor o que ocorreu e transformar todas
as minhas opressões em arte, em propostas de mudança, em possibilidades de
emancipação!
A segunda apresentação foi da Anita Cavaleiro, que sentiu semelhança entre minha
história e a dela e aproveitou a temática. Nos contou sobre casos que passou recentemente
de perseguição no metrô e no taxi,
duas situações de machismo que a assustaram muito.
Também nos contou sobre algumas
experiências no Centro de Diversidade, com uma amiga psicóloga. Comentou um
caso comum nesse local e em outros momentos, um trassexual dizendo: “Sou muito
mais mulher que você, faço a barba, tenho peitos e cabelos perfeitos… acho
desrespeitoso você se dizer mulher sem ter que passar por tudo o que eu passei
e passo todos os dias”, discurso que reproduz o machismo, o ideal de beleza
feminino, ditado pela mídia, se refletindo também em mulheres transexuais e
travestis.
Anita lembrou que muitas pessoas
comentam que ela é uma pessoa muito delicada, porém, não muito feminina, o que
faz com que ela se questione em vários aspectos: “Eu não sei se ser delicada é ser feminina. Se ser feminina é me
parecer com uma mulher de capa de revista. O que é ser feminina?”
Depois nos mostrou um projeto seu de
curadoria de uma exposição realizada em 2011, chamada “Conversa de Comadre”, no
espaço artístico Lá em Casa, que contou com a participação de colegas artistas
convidados a expor trabalhos sobre o feminino e suas nuances. Porém, alguns
artistas, convidados a expor trabalhos já conhecidos preferiram mostrar novos
trabalhos que, no olhar dela, pouco se encaixavam com a proposta: discussões
sobre o feminino. A maior parte desses artistas que mudaram o projeto eram
homens. O que instigou novos questionamentos a respeito do tema. E sua relação
com a arte. Em anexo, está o projeto.
Em seguida, Amanda Massaro iniciou sua apresentação contando sobre
sua amizade com um homossexual que produziu uma tese sobre a Nalu Faria e como
ele a influenciou. Amanda disse que de
todas as lutas, a feminista é a que ela mais acredita e gosta, ela se sente
“no lugar certo” quando discute esse tema.
Revelou o desejo de relacionar nossa
pesquisa e performance com o Estágio obrigatório do curso de Licenciatura, pois
acredita que será uma produção interessante para participar e pesquisar.
Por fim, nos trouxe a peça “As Confrarias” de Jorge Andrade, que
vamos ler para o próximo encontro.
A última, mas tão importante quanto as
outras, foi Jessica Duran. Iniciou dizendo: “Na verdade, de
todas as lutas, a luta de classes foi a que me tocou primeiro”, mas lista suas
três principais bandeiras: a questão agrária, o feminismo e a luta contra o
racismo. Quis entrar no grupo para
aprofundar as questões e ter mais argumentos na hora de discutir.
Analisando a história que contei sobre
o grupo que participei, ela questiona: “Como, em grupos que se dizem
revolucionários, existem relações de machismo?” com um sorriso irônico, como quem
quer dizer “nem tudo é perfeito!”.
Finalizou sua apresentação com um poema
de Bertolt Brecht:
A lenda
da prostituta Evlyn Roe
Quando veio a primavera e o
mar ficou azul
A bordo chegou
Com a última canoa
A jovem Evlyn Roe.
Usava um pano sobre o corpo
Que era bonito, bem vistoso.
Não tinha ouro ou ornamento
Exceto o cabelo generoso.
"Seu Capitão, leve-me à Terra Santa
Tenho que ver Jesus Cristo."
"Venha junto, pois somos tolos, e é uma mulher
Como não temos visto."
"Ele recompensará. Sou uma pobre garota.
Minha alma pertence a Jesus."
"Então pode nos dar seu corpo!
Pois o seu senhor não pode pagar:
Ele já morreu, dizem que na cruz."
Eles navegaram com sol e vento
E Evlyn Roe amaram.
Ela comia seu pão e bebeu seu vinho
E nisso sempre chorava.
Eles dançavam à noite, dançavam de dia
Não cuidavam do timão.
Evlyn Roe era tímida e suave:
Eles eram duros e sem coração.
A primavera se foi. O verão acabou.
Ela à noite corria, os pés eram sujas sapatilhas
De um mastro a outro, olhando no breu
Procurando praias tranqüilas
A pobre Evlyn Roe.
Ela dançava à noite, dançava de dia.
E ficou quase doente, cansada.
"Seu Capitão, quando chegaremos
À Cidade Sagrada?"
O Capitão estava em seu colo
E sorrindo a beijou:
"De quem é a culpa, se nunca chegaremos
Só pode ser de Evlyn Roe."
Ela dançava à noite, dançava de dia.
Até ficar inteiramente esgotada.
Do capitão ao mais novo grumete
Todos estavam dela saciados.
Usava um vestido de seda
Com uns rasgões e remendos
E na fronte desfigurada tinha
Uma mancha de cabelos sebentos.
"Nunca Te verei, Jesus
Com esse corpo pecador.
A uma puta qualquer
Não podes dar Teu amor."
De um lado para outro corria
Os pés e o coração lhe começavam a pesar:
Uma noite, já quando ninguém via
Uma noite desceu para o mar.
Isto se deu no fim de janeiro
Ela nadou muito tempo no frio
A temperatura aumenta, os ramos florescem
Somente em março ou abril.
Abandonou-se às ondas escuras
Que a lavaram por dentro e por fora.
Chegará antes à Terra Sagrada
Pois o capitão ainda demora.
Ao chegar ao céu, já na primavera
S. Pedro, na porta, a recusou:
"Deus me disse: Não quero aqui
A prostituta Evlyn Roe."
E ao chegar no inferno
O portão fechado encontrou:
O Diabo gritou: "Não quero aqui
A beata Evlyn Roe."
Assim vagou no vento e no espaço
E nunca mais parou
Num fim de tarde eu a vi passar no campo:
Tropeçava muito. Não encontrava descanso
A pobre Evlyn Roe.
A bordo chegou
Com a última canoa
A jovem Evlyn Roe.
Usava um pano sobre o corpo
Que era bonito, bem vistoso.
Não tinha ouro ou ornamento
Exceto o cabelo generoso.
"Seu Capitão, leve-me à Terra Santa
Tenho que ver Jesus Cristo."
"Venha junto, pois somos tolos, e é uma mulher
Como não temos visto."
"Ele recompensará. Sou uma pobre garota.
Minha alma pertence a Jesus."
"Então pode nos dar seu corpo!
Pois o seu senhor não pode pagar:
Ele já morreu, dizem que na cruz."
Eles navegaram com sol e vento
E Evlyn Roe amaram.
Ela comia seu pão e bebeu seu vinho
E nisso sempre chorava.
Eles dançavam à noite, dançavam de dia
Não cuidavam do timão.
Evlyn Roe era tímida e suave:
Eles eram duros e sem coração.
A primavera se foi. O verão acabou.
Ela à noite corria, os pés eram sujas sapatilhas
De um mastro a outro, olhando no breu
Procurando praias tranqüilas
A pobre Evlyn Roe.
Ela dançava à noite, dançava de dia.
E ficou quase doente, cansada.
"Seu Capitão, quando chegaremos
À Cidade Sagrada?"
O Capitão estava em seu colo
E sorrindo a beijou:
"De quem é a culpa, se nunca chegaremos
Só pode ser de Evlyn Roe."
Ela dançava à noite, dançava de dia.
Até ficar inteiramente esgotada.
Do capitão ao mais novo grumete
Todos estavam dela saciados.
Usava um vestido de seda
Com uns rasgões e remendos
E na fronte desfigurada tinha
Uma mancha de cabelos sebentos.
"Nunca Te verei, Jesus
Com esse corpo pecador.
A uma puta qualquer
Não podes dar Teu amor."
De um lado para outro corria
Os pés e o coração lhe começavam a pesar:
Uma noite, já quando ninguém via
Uma noite desceu para o mar.
Isto se deu no fim de janeiro
Ela nadou muito tempo no frio
A temperatura aumenta, os ramos florescem
Somente em março ou abril.
Abandonou-se às ondas escuras
Que a lavaram por dentro e por fora.
Chegará antes à Terra Sagrada
Pois o capitão ainda demora.
Ao chegar ao céu, já na primavera
S. Pedro, na porta, a recusou:
"Deus me disse: Não quero aqui
A prostituta Evlyn Roe."
E ao chegar no inferno
O portão fechado encontrou:
O Diabo gritou: "Não quero aqui
A beata Evlyn Roe."
Assim vagou no vento e no espaço
E nunca mais parou
Num fim de tarde eu a vi passar no campo:
Tropeçava muito. Não encontrava descanso
A pobre Evlyn Roe.
segunda-feira, 19 de março de 2012
Aproveito esse espaço para divulgar um Curso de Formação de Teatro do Oprimido!
Formação de Teatro do Oprimido
“Nós somos discriminadas
pelos homens brancos,
pelas mulheres brancas,
pelos homens negros e
pelas próprias mulheres negras!”
Semayat Oliveira
Este projeto tem como objetivo principal criar um grupo de Teatro do Oprimido, no qual iremos refletir as opressões sofridas pelas mulheres negras.
O Teatro do Oprimido é um conjunto de técnicas teatrais sistematizadas pelo teatrólogo Augusto Boal: Teatro Fórum, Teatro Invisível, Teatro Legislativo, Teatro Imagem, Teatro Jornal e Arco-íris do Desejo.
No Teatro Fórum um grupo apresenta uma situação de opressão: um personagem tem um grande desejo e os opressores o impedem de realizar essa vontade. No fim da cena os espect-atores são convidados a refletir sobre a história, os personagens e as relações de opressão apresentadas. Neste momento são incentivados a pensar em uma alternativa para a situação e, em vez de expor verbalmente sua ideia, deve entrar no espaço cênico, substituindo um dos atores, e testar na prática sua alternativa.
Augusto Boal dizia que “o Teatro do Oprimido é um ensaio para revolução”, pois quem entra em cena propondo uma possibilidade, está ensaiando para transformá-la na vida real.
A ideia de fazer esse curso vem de um desejo antigo de criar um grupo de teatro feminista. Analisando a situação das mulheres no Brasil, é perceptível que as mais oprimidas são as negras, pobres, lésbicas e acima do peso. Portanto esse curso terá como questões a ditadura da beleza, a ideologia do branqueamento, o machismo e a desigualdade econômica.
Além da experiência com as técnicas do Teatro do Oprimido e a encenação de uma obra, este projeto tem como ferramentas didáticas a leitura de livros, a exibição de filmes e excursões para assistir peças teatrais, todos relacionados à questão da mulher negra na mídia, no teatro, nas relações sociais.
Este trabalho está sendo organizado em parceria com o “Cine Palmarino”, núcleo paulistano do Círculo Palmarino, entidade do Movimento Negro no Brasil. O curso terá duração de três meses, com pelo menos um encontro de três horas por semana e será realizado no Instituto de Artes da UNESP, fazendo parte do Projeto de Extensão do GTOIA – Grupo de Teatro do Oprimido do Instituto de Artes – coordenado pela docente Carminda Mendes André e ministrado pela estudante de Licenciatura em Arte-Teatro Alice Fonseca Nunes.
Inscrições Abertas
Início do curso: 2 de abril de 2012
Curso gratuito sobre as técnicas do Teatro do Oprimido. Com duração de abril a junho, na segunda-feira, das 19h às 22h.
Não é necessário ter experiência em teatro. "Todos podem fazer teatro, inclusive os atores", dizia Augusto Boal.
Local: Sala 203 - Instituto de Artes da UNESP
Rua Dr. Bento Teobaldo Ferraz, 271 – Metrô Barra Funda.
Inscrições: alicefnunes@gmail. com
Nome:
e-mail:
Telefone:
Bairro:
Ocupação:
Carta de interesse - por que você quer participar desse curso?
Peço contribuição para divulgar esse evento.
Obrigada, Alice Nunes.
sábado, 17 de março de 2012
Olá leitoras e leitores,
Sou uma das pessoas que participou da organização da primeira semana das mulheres do IA.
Estou impressionada com tudo o que aconteceu mesmo com o pouco tempo que tivemos para organizar. Adorei que tivemos o apoio de docentes e do DAMB para a realização do evento. Adorei compartilhar ideias com todos que participaram e acho que todos nós plantamos uma semente muito importante!
Espero que essa tenha sido a primeira de muitas semanas das mulheres do IA!
Um abraço,
Cecilia
=)
Sou uma das pessoas que participou da organização da primeira semana das mulheres do IA.
Estou impressionada com tudo o que aconteceu mesmo com o pouco tempo que tivemos para organizar. Adorei que tivemos o apoio de docentes e do DAMB para a realização do evento. Adorei compartilhar ideias com todos que participaram e acho que todos nós plantamos uma semente muito importante!
Espero que essa tenha sido a primeira de muitas semanas das mulheres do IA!
Um abraço,
Cecilia
=)
quinta-feira, 15 de março de 2012
Teatro das Oprimidas
Teatro das Oprimidas
Nessa
terça-feira, dia 13 de março, fiz a prometida Oficina de Teatro das Oprimidas.
Todos os participantes – 4 mulheres e 2 homens – eram ingressantes do curso de
Licenciatura em Arte-Teatro. Foi uma ótima experiência conhecê-los e poder
contar sobre o Teatro do Oprimido, que faz parte da minha formação enquanto educadora
e cidadã.
O
Teatro do Oprimido é um conjunto de técnicas teatrais sistematizadas pelo
teatrólogo Augusto Boal: Teatro Fórum, Teatro Invisível, Teatro Legislativo,
Teatro Imagem, Teatro Jornal e Arco-íris do Desejo.
Augusto
Boal dizia que “o Teatro do Oprimido é um ensaio para revolução”, pois quem
entra em cena propondo uma possibilidade, está ensaiando para transformá-la na
vida real.
A ideia de fazer um
Teatro das Oprimidas, vêm de um desejo antigo de criar um grupo de teatro
feminista. Analisando a situação das mulheres no Brasil, é perceptível que as
mais oprimidas são as negras, pobres, lésbicas e acima do peso.
Nesse
semestre será desenvolvido uma “Formação de Teatro das Oprimidas” que terá como
questões a ditadura da beleza, a ideologia do branqueamento, o machismo e a
desigualdade econômica.
O curso terá duração de 3 meses, a partir do dia 2 de abril de 2012, todas as segundas-feiras, das 19:00 às 22:00.
As
inscrições iniciam dia 18 de março e são gratuitas através do e-mail alicefnunes@gmail.com, com uma pequena
carta de interesse – por que você quer fazer esse curso? – e seu nome completo,
ocupação, bairro e telefone para contato.
As
oficinas serão ministradas no Instituto de Artes da UNESP que fica na Rua
Doutor Bento Teobaldo Ferraz, 271. Ao lado do metrô Barra Funda. A sala está
localizada no 2º andar do prédio de Artes, de número 201.
Por
favor, divulguem!
sábado, 10 de março de 2012
Oficina de Teatro das Oprimidas - remarcada!
A Oficina de Teatro das Oprimidas foi remarcada para o dia 13 de março, as 14:00, na sala 203.
Venham!
"Todos podem fazer teatro, inclusive os atores!"
Augusto Boal
Venham!
"Todos podem fazer teatro, inclusive os atores!"
Augusto Boal
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